A
curiosa história do Engenheiro Billings, Engenheiro Billings, O homem que mudou São Paulo Capa de uma revista em quadrinhos com a história de sua vida, publicada em 1962 No caminho entre o litoral paulista e a cidade de São Paulo, uma série de tubulações que se erguem pelo gigantesco paredão rochoso da Serra do Mar chamam a atenção. As tubulações da Usina de Cubatão (Henry Borden) São as tubulações externas da "Usina de Cubatão" (Usina Henry Borden), uma das mais excepcionais obras da engenharia brasileira, fruto da criatividade e excelência técnica de um engenheiro que poderia ser classificado como um dos mais brilhantes que já passaram por nossas terras: Asa White Kenney Billings. Porém, conhecendo um pouco melhor a história desta octogenária obra-prima, você perceberá que as tubulações que
desafiam a serra do mar são meros
Rua Líbero Badaró em foto de 1922 Ano em que Billings chegou ao
Brasil Billings, um norte americano de Omaha, A Light até hoje fornece energia elétrica para o Rio de Janeiro http://en.wikipedia.org/wiki/Light_S.A. Obcecado pela ideia de criar uma maneira de gerar energia de forma eficiente, aproveitando a geografia da cidade, teve uma idéia: Por que não usar a queda abrupta de mais de 700 metros do planalto paulista para gerar energia elétrica ? O Sistema idealizado por Billings Reverter as águas do Rio Pinheiros, e depois lançá-las montanha abaixo, gerando energia elétrica. A ideia era genial, mas ainda existia um enorme problema: a topografia da cidade fazia com que os rios que nasciam próximos à Serra do Mar, como o Tietê e o Pinheiros, corressem em direção ao centro do estado, e não para o litoral. O que tinha sido uma enorme vantagem para os Bandeirantes, que usaram os rios para explorar os rincões do Brasil, tornava-se um empecilho para as ideias de Billings. "Piscina" em pleno Rio Pinheiros Década
de 20 Mas a perseverança e criatividade do engenheiro americano não tinham limites, e novamente ele teve uma ideia que a princípio mostrava-se absurda: Se os rios não correm para a Serra do Mar, por que não reverter seu curso através de estações elevatórias, formando um reservatório que permita a geração de energia ? Pelo sistema de Billings, a energia gasta
para elevar as águas do Pinheiros até a Desta forma, o Rio Pinheiros seria
transformado em um canal desde sua foz até As águas seriam conduzidas às turbinas
através de tubulações que desceriam a Serra. Confluência dos Rios Pinheiros e Tietê, década de 20 O Rio Pinheiros, antes da retificação coordenada por Billings À época, o Rio Pinheiros tinha um trajeto sinuoso, formando uma grande várzea inundável, cujos habitantes sofriam com frequentes inundações. O plano de Billings ainda teria a tarefa adicional de aumentar a eficiência do canal que levaria as águas para o reservatório retificando o curso do rio, que traria um efeito colateral interessante: acabar com as enchentes da região. A Barragem do Rio Grande depois foi
expandida, e desde 1949 é chamada de http://pt.wikipedia.org/wiki/Represa_Billings Barragem do Rio das Pedras, onde é possível ver onde termina o planalto e começa o paredão da Serra do Mar Casa das Vávulas da Usina de Cubatão, no alto da Serra Vista espetacular da Baixada Santista Em 1927 tiveram início as obras da Usina Hidrelétrica de Cubatão, a barragem do Rio Grande (que depois foi expandida e ganhou o nome de Represa Billings) e o deslocamento da antiga Estrada
Rio-São Paulo, que passava exatamente por uma área Fotos da Usina de Cubatão (Henry Borden) durante sua construção Barragem Rio das Pedras, 1929 Aqui o nível do Reservatório é
controlado, e quando sobe muito é jogado serra abaixo Casa das Válvulas no alto da Serra Vista das tubulações externas durante a construção da Usina Depois de problemas de atrasos nas obras
durante o período iniciado a partir da Usina Elevatória da Traição, ao lado das avenidas dos Bandeirantes e Luis Carlos Berrini. quando em funcionamento, eleva em 5
metros as águas do Pinheiros Interior da "Usina da Traição" Com o sistema em pleno funcionamento, a Usina de Cubatão mostrou-se um sucesso acima das expectativas, pois sua queda de 720 metros e o uso das turbinas Pelton, otimizadas para uso com pouco volume de água, mas com alta queda, tornaram-na uma das mais eficientes do mundo. Turbina Pelton Apropriada para pouco volume de água com
alta pressão Turbina Pelton usada em Cubatão entre 1926 e 1975 O reconhecimento mundial do
trabalho de Billings veio em 1936, quando a "Institution
O documento "Water-Power in Brazil" tornou-se um clássico no assunto, com leitura recomendada nas Escolas de engenharia de todo o mundo. Seu nome é uma constante na lista dos maiores engenheiros do séc. XX. Ordem do Cruzeiro do Sul Pelos serviços prestados ao país,
Billings a recebeu em 1946 Durante o período em que Billings esteve no Brasil, entre 1922 e 1949, a geração de energia em São Paulo aumentou de 90 mil quilowatts para mais de 500 mil quilowatts. . Construída depois da época de Billings, mas mesmo assim uma obra fantástica Escavada na rocha, é resistente a bombardeios de qualquer tipo Depois da aposentadoria de Billings, foi construída outra obra fantástica, uma segunda usina subterrânea ao lado da Usina de Cubatão, totalmente escavada na rocha, com os mesmos 720 metros de queda e turbinas Pelton, aumentando a capacidade de geração de energia para 800 mil quilowatts. Entrada da Usina Subterrânea Interior da usina subterrânea Além da geração de energia, a
Represa Billings tornou-se um dos principais mananciais
da região metropolitana de São Paulo.
Infelizmente, na década de 80, a poluição das águas do
Pinheiros estava tornando as águas da Represa Billings
impraticáveis para consumo humano, e o bombeamento
foi interrompido. Com isto, hoje a Usina de Cubatão
continua na ativa, mas opera com apenas 1/4 de sua
capacidade. Capivaras à beira do Rio Pinheiros A poluição é tão alta que a água deixou de ser bombeada para a Represa Billings Billings faleceu em sua residência na cidade californiana de La Jolla, em 3 de Novembro de 1949, poucos meses depois de ter se aposentado, deixando aquela que foi sua verdadeira pátria, por quem trabalhou incansavelmente. Da próxima vez que estiver dirigindo pela Marginal Pinheiros, apreciando as margens agora um pouco mais limpas da Billings, fazendo compras nos Shoppings paulistas na região do Brooklin , ou melhor, ao acender uma lâmpada ou beber um copo de água, lembre-se que foi um perseverante e criativo engenheiro americano o responsável |